SILICOSE
atinge cada vez mais os trabalhadores que não usam equipamentos de proteção.
Por:
Givaldo Cavalcanti
Uma
doença que não tem cura e cada vez mais tem atingido trabalhadores da mineração
paraibana. É a silicose, doença respiratória causada pela aspiração de pó de
sílica, cristal comum encontrado nos leitos de rocha. Nas cooperativas de
mineração, a estimativa é que número de trabalhadores não chegue a 50. Contudo,
quando o assunto é a extração irregular, pode chegar a mais de mil, segundo os
representantes das sete cooperativas no Estado.
“Temos
sete cooperativas criadas na Paraíba, mas que juntas não devem somar mais de
mil mineradores. Diferente dos mais de cinco mil que extraem irregularmente nos
garimpos”, disse Marcelo Falcão, presidente da Companhia de Desenvolvimento de
Recursos Minerais da Paraíba (CDRM). Ele acrescentou que o número de trabalhadores
que não participam de cooperativas e que extraem os minérios de forma irregular
é inversamente proporcional àqueles que se organizam em grupo e se preparam
para a extração de forma legal.
As
cooperativas agregam mineradores nas cidades de Frei Martinho, Picuí, Nova
Palmeira, Pedra Lavrada, Junco do Seridó, Assunção e Várzea. Nelas, os
trabalhadores são orientados e participam de treinamentos para usarem todos os
Equipamentos de Proteção Individual (EPI), como capacete, óculos, luvas, botas
e, principalmente, a máscara, que impede o contato da sílica com o sistema
respiratório.
“Nosso
principal gargalo é a cultura do trabalhador que diz não se adaptar ao uso
desses equipamentos. Nós estamos em um processo de mudança que vai desde o
trabalho rudimentar até as orientações que oferecemos nos treinamentos em
parcerias com instituições públicas e privadas. Só que muita coisa poderia ser
evitada se os mineradores adotassem algumas práticas, como molhar o local para
eliminar a poeira, procurar o médico regularmente, entre outras”, destacou o
presidente.
MÉDICO DIZ QUE A DOENÇA É CRÔNICA.
O
tratamento, segundo médico, é apenas um paliativo; em contato com partículas, pulmão
passa por endurecimento.
Ficar
exposto à sílica durante um curto período de tempo pode ser a última ação de
trabalho de um minerador. Essa é a projeção do médico especialista em fibrose
massiva progressiva Geraldo Medeiros. Ele explicou que uma vez as partículas em
contato com o pulmão, o órgão passará por um processo de “endurecimento” e não
terá a mesma elasticidade para que a respiração seja realizada normalmente.
“Essa
é uma doença crônica. O tratamento é apenas um paliativo à base de corticoides
que não trata a causa, apenas os sintomas. Ela vai evoluindo, destrói as
estruturas normais do órgão, o que causa um endurecimento do pulmão. Isso
acontece mais rapidamente com aqueles trabalhadores que não se protegem, e,
pela nossa experiência, temos visto cada vez mais jovens serem vítimas dessa
doença que causa a inutilização do indivíduo ao trabalho”, explicou o médico.
Com
75 mineradores cooperados, a Coopicuí tem quatro trabalhadores que estão
enfrentando a silicose há mais de um ano. De acordo com o presidente da
cooperativa, Tony Henriques, periodicamente os trabalhadores estão participando
de cursos de orientação para evitarem males como esse.
Contudo,
ele aponta que, além do incômodo durante o uso de equipamentos, os pacientes
apontam que a medicação carrega várias reações incômodas.
“Esses
quatro companheiros que estão sendo tratados apontam que sentem muito enjoo por
conta da medicação e não usaram os equipamentos pelo incômodo que eles causam.
Mas, nós temos procurado mostrar que o pior é adquirir a doença. Por isso
promovemos cursos educativos e temos dado apoio para que parte das cerca de 80
famílias que temos cooperadas não sofram com o prejuízo por alguém deixar de
trabalhar”, acrescentou.
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