Por Mariana Czerwonka.
Mortes no trânsito!
Não podemos aceitar de modo tão passivo esse massacre.
O número é assustador e desanimador, 43.780 pessoas morreram, em
2014, em decorrência de acidentes de trânsito nas vias e rodovias brasileiras.
O número é 3,6% maior do que o registrado no ano anterior. Parece pequeno, mas
para quem tem como meta diminuir o índice de redução proposto por Resolução da
ONU de 50% em 10 anos, é desesperador.
É muito triste, porque rompe uma sequência de queda. Foram
44.812 mortes em 2012 e 42.266 em 2013, ou seja, houve uma queda de 5,7% de um
ano para o outro. Agora, voltamos ao patamar das 43 mil mortes.
Os dados foram levantados pelo Observatório Nacional de
Segurança Viária (ONSV) a partir de números oficiais disponibilizados pelo
DATASUS, do Ministério da Saúde.
O estudo
De acordo com o estudo realizado pelo ONSV, a evolução do número
de mortes no período de 2010 a 2014, quando considerado a categoria, demonstrou
a queda das mortes envolvendo pedestres e ciclistas da ordem de 19% e 10%,
respectivamente. Já para ocupantes de motocicleta houve aumento de 19%, seguida
de 11% para ocupantes de automóveis e de 15% para caminhões e ônibus.
Quando a análise se dá por região geográfica e leva em conta
também o período de 2010 até 2014, é possível notar que apesar de alguns
estados terem registrado decréscimo no índice de mortes no período de 2010 a
2014, nenhum deles apresentou comportamento cAontínuo de redução nos biênios
2010/2011, 2011/2012, 2012/2013 e 2013/2014.
Considerando o índice de mortes por 10 mil veículos para o ano
de 2014, o estudo apurou que os estados líderes neste ranking se localizam na
região Nordeste. O Piauí (13,5 mortes por 10 mil veículos), Maranhão (13,0
mortes por 10 mil veículos) e Alagoas (12,3 mortes por 10 mil veículos) são
também os estados que registraram o pior desempenho no quesito redução da acidentes.
Já os melhores resultados foram distribuídos entre estados das regiões Sudeste
(São Paulo 2,7), Sul (Rio Grande do Sul 3,2) e Centro Oeste (Distrito Federal
3,5).
Nada melhorou
Em um post de 2014 questionei sobre o que o Brasil tem feito
para melhorar os índices e chegar à meta proposta pela Década Mundial. As
perguntas que fiz há dois anos continuam sem resposta.
O que adianta aumentar o rigor das leis (mas sem fiscalização, o
que torna a lei um fracasso e a sensação de impunidade cada dia maior)? E a
infraestrutura viária? As ultrapassagens não são a maior causa de mortes em
rodovias do nosso país? E porque ainda existem tantas rodovias não duplicadas e
em tão mau estado? A falta de vagas em hospitais?
Esses problemas citados estão além das mudanças de comportamento
do cidadão, que são de grande importância também.
Não podemos aceitar de modo tão passivo o massacre, ou melhor, a
guerra que vivemos hoje no trânsito brasileiro. Temos que cobrar, temos que
mudar, temos que encontrar um jeito de reverter esse cenário.
Precisamos investir em educação de trânsito (nas escolas e na
melhoria do processo de formação de condutores), na fiscalização e na
engenharia. O famoso tripé, levado à sério. Não temos outro caminho. Não é
fácil, mas acredito que não é impossível…