Debates
resultarão em um documento sobre o tema.
Por ACS/C.R
O
Subgrupo sobre Educação da Comissão Tripartite de Saúde e Segurança no Trabalho
- CT-SST realizou a Oficina SST no Currículo Escolar nos dias 12 e 13 de agosto
na Fundacentro, em São Paulo. Especialistas em educação, representantes dos
Trabalhadores, Ministério da Educação, Ministério da Saúde, Ministério Público
do Trabalho, Ministério do Trabalho e Coordenação de Educação da Fundacentro
debateram a inserção de conteúdos de SST de forma transversal nas escolas.
Os
debates da oficina possibilitarão a construção de um documento, que será
apresentado à CT-SST. “A oficina atendeu parte dos nossos objetivos que era dar
mais elementos para fazermos essa discussão. É um marco para trabalharmos com
mais consciência e mais qualidade”, afirma Carlos Vaz, diretor do Departamento
de Vigilância e Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, do Ministério da Saúde.
Na
avaliação da gerente da Coordenação de Educação da Fundacentro, Sonia Bombardi,
a oficina possibilitou a participação de professores e um consenso em torno da
necessidade de se fomentar a consciência para exercer direitos. “Queremos que
os professores participem, e essa reunião foi nesse sentido”, avalia Bombardi.
“Criamos
um grupo que pode se debruçar nesse assunto e precisamos manter as pessoas
ativas nesse processo de construção”, completa Vaz. Como pontos positivos, ele
ressaltou a participação das centrais sindicais de forma ativa na oficina, a
abertura do MEC para participar do processo e o diálogo com os professores.
“A
oficina foi riquíssima para pensarmos as coisas de forma organizada e objetiva.
Não estamos pensando aqui na educação para o trabalho, mas na educação para
cidadania”, acredita o assessor da Secretaria de SST da CUT, Plínio Pavão. “O
professor não precisa saber fatores de riscos das atividades, e sim os direitos
em relação à saúde do trabalhador e o que tem a ver com o processo de
organização do trabalho”, complementa.
Palestras
Durante os
dois dias do evento, especialistas falaram sobre educação, passando por
questões históricas, políticas públicas e a realidade dos professores nas salas
de aula. Assim se ressaltou a importância de se formar um cidadão crítico na
escola. Outro aspecto levantado foi a autonomia do professor e a importância de
instrumentalizá-los.
O
assessor da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, Luiz Fernando
Franco, por exemplo, apresentou o programa de reorganização curricular,
ampliação e fortalecimento da rede municipal de ensino. Já o assessor da
Diretoria de Currículos e Educação Integral do MEC, Carlos Alberto Ribeiro de
Xavier, abordou a história da educação e a construção de políticas na área.
Para
Xavier, ao longo da história do país, há um problema de descontinuidade de
políticas educacionais. Ele citou trabalhos dos educadores já falecidos Anísio
Teixeira, Darcy Ribeiro e Paulo Freire. Também é preciso atuar na formação do
professor e preparar os alunos para o mundo, o que inclui o trabalho.
A
secretária de políticas sociais da Apeoesp, Rita de Cássia Cardoso, por sua
vez, falou sobre os problemas vivenciados pelos professores. “Hoje temos nas
escolas o conteúdo mínimo, e professores desesperados no seu fazer pedagógico.
Nossa categoria está adoecida. O professor é um operário para executar as
tarefas pensadas por outros”.
Segundo a
professora, deve-se prensar em uma jornada de trabalho que contabilize o tempo
com aluno e o tempo para adquirir cultura. Outro pronto destacado é o papel da
educação em preparar para a saúde, o trabalho e a cidadania, que é colocado
pela Lei de Diretrizes e Bases - LDB. “A educação transforma. Essa
é uma lição que Paulo Freire nos ensinou”, afirma Rita Cardoso.
A
educadora Maria Lucia Prandi também reforçou a questão da cidadania. “A escola
não é apenas um espaço de transmissão de conhecimento, mas um espaço de
formação do cidadão”. Ela ainda apontou a necessidade de se viabilizar a
convivência nos espaços públicos e a importância da integração entre escola e
comunidade.
Já
Valdevir Both, coordenador do Centro de Educação e Assessoramento Popular –
Ceap, explicou a necessidade de discutir qual o tipo de educação que queremos.
A educação bancária, criticada por Paulo Freire, formatou consciência e
disciplinou pessoas para a sociedade ter funcionalidade.
Por outro
lado, a educação popular não visa criar sujeitos subalternos educados. “Nós
construímos sujeitos críticos sem perder a perspectiva organizativa”, avalia
Both. Desse modo, a saúde do trabalhador e a educação popular podem gerar
emancipação.
A SST
também foi tema de apresentações. Carlos Vaz falou sobre a Política Nacional de
Segurança e Saúde no Trabalho – PNSST. Já Sonia Bombardi abordou o Plano
Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho – Plansat, que tem como uma de suas
estratégias a inclusão de conhecimentos básicos em prevenção de acidentes e SST
no currículo do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública e Privada.