quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Análise ergonômica do trabalho: visão de raio X

Beto Soares/Estúdio Boom
Fonte: Martina Wartchow
Revista Proteção

A Análise Ergonômica do Trabalho é primordial para promover a segurança e o bem-estar do trabalhador assim como a saúde financeira da empresa.

Estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente é objetivo da Norma Regulamentadora 17 - Ergonomia. Essas condições de trabalho incluem aspectos físicos, cognitivos e organizacionais a serem observados. E é aí que entra a Análise Ergonômica do Trabalho, uma ferramenta primordial na busca do bem-estar dos empregados assim como da produtividade com qualidade e da lucratividade da empresa.

Desde que os conceitos da AET foram introduzidos no Brasil a partir da década de 1970, sua prática tem sido motivada, principalmente, pelas fiscalizações e exigências do Ministério do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho. Muitas vezes são fruto de denúncias de sindicatos após constatação de inúmeros casos de acidentes ou doenças ocupacionais. No entanto, em meio a essas atitudes reativas, percebe-se um movimento proativo em andamento no qual empresas, especialmente as grandes, já têm a Ergonomia como parte integrante do seu sistema de gestão e a entendem como necessária para a saúde dos negócios. Também vem sendo constatada, quando da solicitação das avaliações, uma importância maior direcionada à organização do trabalho e à cognitividade. A tendência é positiva, indicando que a visão até então mais restrita aos aspectos físicos da Ergonomia começa a se ampliar.

A Ergonomia - do grego ergon (trabalho) e nomos (regras) - é uma ciência mul­tidisciplinar voltada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos para otimizar o bem-estar das pessoas e o desempenho global desses sistemas. Colocá-la em prática em um ambiente laboral depende, inicialmente, da chamada Análise Ergonômica do Trabalho, que consiste em compreendê-lo, assim como as atividades nele desenvolvidas, para transformá-lo em compatível com as necessidades, habilidades e limitações dos trabalhadores. Uma AET bem-feita e a implantação das mudanças apontadas por ela trazem benefícios tanto para os empregados, que se sentem bem, seguros e em harmonia com a filosofia da empresa, como para os empresários, que garantem a prosperidade do seu negócio.

O engenheiro mecânico Nilton Luiz Menegon, mestre e doutor em Engenharia de Produção, pesquisador do Laboratório de Ergonomia, Simulação e Projeto da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos/SP), relata que a AET foi introduzida no Brasil nos anos 1970 por brasileiros que tiveram passagem pelo Cnam (Conservatório Nacional de Artes e Ofícios), em Paris, na França. Seu meio de disseminação pioneiro por aqui foi a Engenharia de Produção.

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