Por ACS / C.R.
Com o tema “A
comunidade trabalho e os fatores psicossociais e a participação da
Fundacentro”, a médica e mestre em saúde pública pela Universidade de São Paulo
– USP, Maria Maeno, falou sobre a Rede de Saúde e Segurança do Trabalhador – Rede SST. Em
sua palestra, a pesquisadora da Fundacentro também fez uma reflexão sobre a
organização do trabalho na contemporaneidade.
A Rede SST conta
com a participação de diferentes instituições e tem uma comunidade para
discutir os fatores psicossociais relacionados ao trabalho. “A Fundacentro
organizou essa rede para fomentar debates, fazer pesquisas conjuntas e também
porque esse é um dos itens do Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho –
Plansat”, explica Maria Maeno.
A pesquisadora
frisou que a saúde e a doença possuem determinação social, portanto, sofrem
influências de como e onde nós vivemos e trabalhamos. “As pessoas se organizam
em torno do trabalho desde a antiguidade. O trabalho está no centro da
discussão sobre a sociedade e também sobre a saúde”.
Na avaliação da
médica, o trabalho no mundo atual não traz realização pessoal para a maioria
das pessoas. Já as novas tecnologias não têm implicado no aumento de tempo de
lazer e tempo livre, pelo contrário, contribuem para o aumento do ritmo de
trabalho e do tempo de trabalho real.
A intensificação do
trabalho também é causada por sistemas como a Participação nos Lucros e
Resultados – PRL, pois faz com que a pessoa trabalhe mais para receber um
salário maior. A avaliação de desempenho também traz problemas à saúde. Focada
em metas e no resultado, não permite que o trabalhador tenha um entendimento
sobre o que se espera dele. Programas de qualidade e certificação, por sua vez,
são responsáveis por diminuir o poder de agir do trabalhador.
A organização do
trabalho ainda é marcada pela exigência de multifuncionalidade em todos os
setores, flexibilidade e terceirização. Percebe-se um aumento das situações de
constrangimento como o assédio moral. Com a sobrecarga de trabalho,
prolifera-se no trabalhador um sentimento de não ser capaz. Já a exigência de
um trabalhador polivalente leva a uma eterna busca pela qualificação.
“Na organização do
trabalho, as diferentes categorias se encontram. As discussões hoje, sejam de
acidentes ou adoecimentos, não podem acontecer sem passar pelas questões de
organização do trabalho”, conclui Maria Maeno.
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