Órgão
requer que Justiça obrigue empregador a parar imediatamente com a prática.
O
Ministério Público do Trabalho em Goiás (MPT-GO) ajuizou na Justiça do
Trabalho, ação para coibir que um médico da cidade de Anápolis/GO - sócio de
cinco empresas e com mais de 20 anos de exercício da profissão - continue
praticando assédio moral contra seus empregados. O órgão solicita ainda que o
médico seja penalizado em R$ 200 mil com o objetivo de reparar os danos
causados. Foi pedida também uma decisão liminar (tutela inibitória), para que
os casos de assédio moral sejam cessados antes do julgamento do mérito
(sentença).
Após
ter recebido denúncia, o MPT ouviu, em audiência, nove trabalhadores (atuais e
sem vínculo) e solicitou, ainda, que o Centro de Referência em Saúde do
Trabalhador (Cerest) realizasse uma inspeção no ambiente de trabalho de uma das
empresas da qual o médico é sócio.
“Observamos
um ambiente terrível, sobretudo no que diz respeito aos conflitos laborais,
qualidade da liderança, ameaças de demissão e comportamentos ofensivos
constantemente perpetrados pelo médico. Em relação ao estado geral de saúde e
bem estar dos trabalhadores, foi constatada uma alta taxa de adoecimento”,
explica o procurador do Trabalho Tiago Ranieri, à frente do caso.
“Verificamos
que, em uma das empresas, a degradação do quadro societário, com disputas e
desconfianças mútuas, gera consequências aos trabalhadores, tornando o ambiente
de trabalho insuportável e adoecedor”, complementa.
Perspectiva de gênero
Conforme
Ranieri, apesar de ter sido proposto um Termo de Ajuste de Conduta para que o
problema fosse resolvido sem a necessidade de recorrer ao Judiciário, o
profissional se recusou a assinar o documento, o que levou o MPT-GO a ajuizar a
ação.
No
pedido feito pelo órgão, duas diretrizes se destacam: violação de normas
internacionais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Agenda
2030 e os Princípios Orientadores sobre Empresas e Direitos Humanos, ambos da
Organização das Nações Unidas (ONU); o Protocolo para Julgamento com
Perspectiva de Gênero, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
“Na oitiva dos nove trabalhadores, eram sete mulheres e dois homens. E de acordo com os fatos que verificamos, há claramente uma intimidação e agressões voltadas para atingir especificamente mulheres”, pontua o procurador.
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