OS RISCOS DE ELEVAÇÃO MANUAL
DE CARGAS
Treinamentos para técnicas
de elevação manual de cargas continuam a ser utilizados como a principal
ferramenta para controlar riscos de trabalhos manuais nos ambientes de
trabalho. Entretanto, evidências indicam que não há técnica segura de elevação
manual de cargas e nem que qualquer treinamento possa minimizar os riscos.
Riscos manuais relacionam-se
às atividades de erguer, baixar, empurrar, puxar, carregar, mover, segurar
pessoa, animal ou coisa. Esses riscos contribuem para desenvolver lesões
musculoesqueléticas, que podem ser permanentes ou impactar a habilidade de uma
pessoa para o trabalho ou para a qualidade de vida, assim como a produtividade
e performance econômica da empresa à qual ele está ligado.
Neste post destacamos alguns
estudos sobre a inconveniência de se erguer cargas manualmente, concluindo que
esse trabalho deve ser feito preferencialmente por meios mecânicos.
Estudos comprovaram que
mesmo com treinamento em técnicas de elevação de cargas não há redução
significativa para o risco de lesões. Ou seja, não existe “forma segura” neste
tipo de trabalho. Pesquisa do Jornal Britânico de Medicina em 2008 concluiu que
não há evidencia para fundamentar a utilização de aconselhamento ou treinamento
em técnicas de trabalho para elevação manual de cargas na prevenção de dores na
coluna ou incapacidade”. O Estudo concluiu que o programa de treinamento não
diminuiu a incidência de lesões na coluna vertebral, mesmo utilizando-se do
clássico conselho: “costas para trás ou apoio nos joelhos”.
A principal razão para a
falta de efetividade no treinamento de técnicas de elevação manual é que os
fatores que causam as lesões não mudaram ou até se intensificaram. Mesmo que os
trabalhadores tentem aplicar técnicas de elevação desenvolvidas em programas de
treinamento, eles continuam expostos a riscos de lesões graves.
ESFORÇOS MANUAIS
Quanto tiver que encarar uma
tarefa manual que envolva elevação de cargas, algumas questões iniciais devem
ser consideradas:
- porque os trabalhadores
precisam erguer a carga?
- poderia esta parte do
trabalho ser eliminada?
- a tarefa poderia ser
realizada de outra forma?
Riscos ergonômicos mais
comuns para o desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas:
Esforço repetitivo ou
continuado
Força intensa ou súbita
Movimento repetitivo
Posição contínua ou postura
desconfortável
Exposição a vibração
Lesões musculoesqueléticas
mais comuns:
Estiramentos musculares e
torções
Ruptura de tendões e
ligamentos
Prolapso de discos
intervertebrais (os discos saem do lugar)
Tendinite dos ombros e
cotovelos (doença inflamatória)
Sindrome do túnel do carpo
(o túnel do carpo envolve ligamentos e tendões do punho)
Medidas de controle devem considerar:
Posturas, movimentos, forças
e vibrações relacionadas à tarefa
A duração e frequência da
tarefa Condições do ambiente de
trabalho que podem afetar a performance do operador O desenho da área de
trabalho
A estrutura do ambiente de
trabalho A natureza, tamanho, peso e
número de pessoas ou animais ou coisas envolvidas na tarefa Inconveniência do trabalho
em equipe para levantamento de cargas:
Os trabalhadores não
apresentam semelhanças em tamanho, força física ou experiência
A força não é exercida
simultaneamente
A carga não é dividida de
forma proporcional
Pode haver aumento da carga
ou mudança de balanceamento se um dos membros da equipe perde força ou
aderência;
a instabilidade de um dos
trabalhadores poderá ocasionar lesões em outros
OUTROS ASPECTOS:
Um Programa baseado no
treinamento de trabalhadores para elevação de cargas depende do comportamento
humano, que varia em resposta a uma gama de fatores nos ambientes de trabalho.
É preciso observar, ainda, a idade do trabalhador e se ele é obeso, fatores que
agravam o risco de lesões. É preciso sobretudo desenvolver controles de
engenharia para remover a necessidade do envolvimento manual.
PÉS PARA TRÁS E APOIO NOS
JOELHOS FUNCIONA?
Esses “conselhos” não podem
ser facilmente aplicados neste tipo de trabalho e é inefetivo para reduzir
lesões. A elevação de cargas é apenas
uma parte do trabalho manual requerido em ambientes de trabalho. Outros riscos
são desconsiderados, como empurrar, puxar e carregar. Assim, o treinamento deve
procurar orientar os trabalhadores em como utilizar outros recursos e dispositivos de segurança para esse tipo de
trabalho.
EXERCÍCIOS E ALONGAMENTO
AJUDAM?
Pesquisas indicam que isso
tambem não adianta. O foco deve ser a mudança para substituir a elevação de
cargas manual para sistemas mecanizados.
O CINTO DE COSTAS PODE
AJUDAR?
Segundo a pesquisa, também
não.
BOLAS DE GINÁSTICA SERVEM?
Isso é material de
reabilitação e não de trabalho, segundo a pesquisa. Tambem não adianta.
HÁ DIFERENÇA ENTRE CARREGAR
PESO NO TRABALHO E NA ACADEMIA?
Carregar peso em uma
academia de ginástica é feito em um ambiente controlado e monitorado para
assegurar a manutenção de boa postura. Os pesos são utilizados por um período
de tempo limitado, geralmente 3 vezes por semana, com uma duração curta. O
treinamento apenas visa alguns grupos musculares por uma quantidade limitada de
repetições. Isto é muito diferente em relação ao que se faz nos ambientes de
trabalho.
A NR-17 (ERGONOMIA)
Observe o que prescreve a
NR-17 sobre o assunto. Abrindo-se a pasta da NR-17 no siteNRFACIL, abre-se uma
caixa contendo um Remissivo de assuntos. Ao clicar-se em LEVANTAMENTO,
TRANSPORTE E DESCARGA INDIVIDUAL DE MATERIAIS, verifique o conteúdo da norma. No
item 17.2.1 o transporte manual é definido como sendo suportado por um único
trabalhador. E no item 17.2.4 aparece uma recomendação compatível com os
estudos abordados, que é a adoção de medidas técnicas substitutivas ou
limitadoras do trabalho manual:
Fonte principal: Workplace
Health and Safety Queensland'
Tradução e Contextualização:
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