As normas
para armazenamento de líquidos inflamáveis e de combustíveis em todo o Brasil
serão submetidas a uma revisão a partir do próximo mês. O objetivo é
atualizá-la com o panorama obtido após o incêndio ocorrido em abril no terminal
da Ultracargo, no Distrito Industrial da Alemoa, em Santos.
A informação é do relator de regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), Paulo de Tarso Martins Gomes. Ele esteve em Santos, ontem, para participar do seminário Incêndio Alemoa - O que ocorreu e o que precisa mudar, promovido pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) de São Paulo, para discutir as responsabilidades do sinistro.
A norma que será submetida ao processo de revisão é a NBR 17505. Esta é uma reivindicação do próprio setor, que questiona a eficiência das atuais regras para a construções de terminais semelhantes ao da Ultracargo e que são comuns no complexo portuário santista e em cidades próximas, como em Cubatão.
“Os incêndios na Ilha Barnabé foram decisivos para fazermos uma atualização. O da Alemoa não poderia ser diferente”, afirmou Paulo de Tarso, que também é presidente da Associação Brasileira de Transportes e Logística de Produtos Perigosos (ABTLP). Segundo ele, o resultado da investigação das causas do sinistro também influenciará no processo.
Após o incêndio, que durou nove dias, técnicos em segurança, empresários, engenheiros, bombeiros e brigadistas questionaram a proximidade dos tanques da empresa, a altura de contenção, a quantidade de água armazenada, além do próprio sistema de combate ao fogo, que se mostrou ineficiente diante da proporção do caso.
A Ultracargo, entretanto, está totalmente licenciada e as instalações do terminal na Alemoa estão de acordo com os parâmetros estabelecidos pela ABNT. Por essa razão, surgiram as dúvidas a respeito da eficiência das normas mantidas pelo regulamento, que foi submetido a um processo de atualização ainda em 2015.
Uma comissão, formada por até 70 interlocutores, participa dos trabalhos. O relator das normas explica ser importante a contribuição com envio de sugestões pelo site www.abnt.org.br/consultanacional para o processo de revisão. “Do contrário, corremos o risco de ainda não atender as necessidades do setor”, lamenta Paulo.
Mapeamento
de risco
Ainda no seminário promovido pelo Crea e que ocorreu na Associação dos
Engenheiros e Arquitetos de Santos, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)
de São Paulo informou o início de um estudo de análise de riscos para o Porto
de Santos e cidades localizadas no entorno. O objetivo é organizar um manual de
gerenciamento de crises em todas as esferas.
A sugestão inicial do pesquisador Marcos Giorgino Blanco é de que a região possua um sistema de monitoramento de riscos em tempo real na região do cais e nas cidades do entorno. “A intenção é mapear áreas mais suscetíveis a desastres, principalmente se for ocasionada por algum sinistro, como o que vimos na Alemoa”, disse.
O estudo será desenvolvido ao longo dos próximos meses e a previsão é de que ele seja concluído até o próximo ano.
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