quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Quase mil trabalhadores do Paraná pediram indenização por doenças ocupacionais em 2014

Redação Bonde com TRT-PR

Até setembro de 2014, somente no Tribunal Regional do Trabalho do Paraná foram ajuizadas 912 novas ações envolvendo pedidos de indenização por doenças ligadas ao ambiente de trabalho, provocadas, entre outros fatores, pela exposição a agentes insalubres, estresse e esforço repetitivo. O número pode ser ainda maior, já que inclui apenas aqueles processos cadastrados pelos advogados como doença ocupacional.

As chamadas doenças ocupacionais incluem uma vasta gama de problemas de saúde, como distúrbios osteomusculares, doenças das vias respiratórias, doenças arteriais coronarianas e infarto do miocárdio. Segundo estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT), elas causam seis vezes mais mortes do que os acidentes de trabalho. A cada ano, pelos dados da OIT, são registrados 160 milhões de casos não letais de problemas de saúde decorrentes das atividades laborais.

A fisioterapeuta Cynthia Zilli, mestre em ergonomia, diz que é preciso conscientizar as empresas de que não há produtividade sem conforto. "Empregado cansado, com dor ou em posto de trabalho inadequado, não produz", afirma.

"Em 1700 já se falava de doenças ocupacionais e pouca coisa mudou até agora", disse a especialista durante o II Ciclo de Debates sobre Perícia Judicial, realizado no TRT-PR.

Quando se trata de trabalho repetitivo, aquele em que o ciclo da atividade executada é inferior a 30 segundos, a preocupação do empregador com o bem-estar do funcionário precisa ser ainda maior. De acordo com o médico do trabalho Ruddy Facci, a repetição continuada de movimentos sem pausas regulares quase sempre resulta em doenças ocupacionais.

"O ideal é que, a cada hora de jornada, 50 minutos sejam destinados ao trabalho efetivo e 10 minutos ao descanso", esclareceu durante o Ciclo de Debates no TRT-PR.

Para o médico, é possível prever e evitar a ocorrência de doenças do trabalho, instituindo intervalos regulares e adaptando o ambiente para cada tipo de função.

"Já existe no Brasil um método de análise dos postos de trabalho que calcula com grande precisão o percentual de empregados que terão doença ocupacional no prazo máximo de cinco anos, se mantidas as condições", disse o conferencista. Ele observou ainda que, com base nestes resultados, a empresa pode fazer mudanças e diminuir consideravelmente os afastamentos por problemas de saúde.

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