Cerca
de 97% dos acidentes no ambiente do trabalho deriva de algum tipo de falha
administrativa. Por essa razão, um dos pilares da eficácia do sistema de
prevenção de acidentes é investir em gerentes melhor preparados e supervisores
capazes de aplicar políticas efetivas de gestão da saúde. O dado foi divulgado
pelo médico do trabalho Hudson de Araújo Couto, professor de Fisiologia da
Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, conferencista do Painel 2 do II
Seminário Nacional de Prevenção de Acidentes de trabalho, realizado pelo
Tribunal Superior do Trabalho. Presidiu a mesa dos trabalhos o ministro do TST,
Renato de Lacerda Paiva.
Ao
proferir a palestra, Araújo Couto apresentou os dez pilares da segurança no
trabalho, citando, entre eles, a importância de uma boa administração por parte
das empresas, da adoção da cultura do comportamento seguro, fiscalização eficaz
por parte do Ministério do Trabalho e do Ministério Público e uma boa gestão do
sistema de segurança, mediante acompanhamento permanente da planilha de riscos
e perigos.
Citou,
ainda, a questão disciplinar como importante pilar da segurança no trabalho,
destacando que as punições administrativas fazem parte do sistema de boa
gestão. "Se se deixar de punir algum comportamento inadequado no ambiente
de trabalho, isso é falha administrativa", afirmou o médico do trabalho na
palestra, destacando, também, a importância de a diretoria da empresa estar
plenamente engajada nos programas de segurança.
Ao
afirmar que de 32% a 40% dos acidentes de trabalho ocorre em razão de más
condições de trabalho, Araújo Couto defendeu a importância da ergonomia –
adaptação do trabalho às pessoas visando a produção de bens em ambiente com
conforto e segurança – para a prevenção de
lombalgias, Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e acidentes de trabalho.
Entre
as principais áreas da ergonomia elencadas como as de atuação necessária, o
palestrante apontou o trabalho fisicamente pesado; o realizado em ambientes
frios ou com altas temperaturas; condições para o trabalho intelectual;
questões ergonômicas relacionadas à administração do processo produtivo; e a
prevenção da fadiga.
"Por
que é essencial se implantar a ergonomia nas empresas? Primeiro porque é o
certo a ser feito para a saúde dos trabalhadores. Segundo porque o custo de não
se fazer a ergonomia é muito maior, visto, na maioria das vezes, um único
processo judicial por hérnia de disco pode custar muito mais", comparou
Hudson de Araújo Couto, ao afirmar que 95% dos problemas de ergonomia estão nas
fábricas e 5% nos escritórios.
(Fernanda
Loureiro/AR)
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