Auditores-Fiscais do Trabalho relatam grave
acidente automobilístico ocorrido durante o curso de ação fiscal na região de
Unaí (MG) com Policiais Rodoviários Federais que acompanhavam a equipe. Foi, na
opinião da equipe de Auditores-Fiscais, um típico acidente de trabalho depois
de extensa jornada.
No mês de maio, uma
equipe de quatro Auditores-Fiscais do Trabalho da Gerência Regional do Trabalho
e Emprego – GRTE de Paracatu (MG), tinha uma semana cheia, com o objetivo de
fiscalizar vinte estabelecimentos rurais nos municípios de Buritis e Unaí. A
meta do ano é de 220 fiscalizações na região. Alfeu Hassan, Antônio Braga,
Pedro Coelho e Thiago Moraes foram a campo acompanhados pelos Policiais
Rodoviários Federais Pimentel e Salgado.
Fiscalizar fazendas
na região, segundo os Auditores-Fiscais, não é tarefa fácil, pois, muitas
propriedades são de grande extensão e em áreas afastadas dos centros urbanos,
demandando muito tempo de deslocamento.
No dia 21 de maio,
uma segunda-feira, o grupo fiscalizou fazendas no município de Buritis, e
dormiram na cidade, após cumprir uma jornada de cerca de 12 horas de trabalho.
No dia seguinte, 22 de maio, a equipe saiu às 7 horas para realizar várias
diligências e na última, uma fazenda em local de difícil acesso, foram constatados
vários problemas trabalhistas, que exigiram muito tempo da equipe, prolongando
a fiscalização até a noite. Depois do trabalho, por volta das 20 horas,
decidiram ir para Unaí, onde há uma agência do Ministério do Trabalho e Emprego
- MTE, local apropriado para receber os representantes dos empregadores para
verificar documentos.
Na estrada, duas
caminhonetes do MTE, conduzidas pelos Auditores-Fiscais do Trabalho, iam
escoltadas pela viatura do Núcleo de Operações Especiais da Polícia Rodoviária
Federal. Cerca de 140 Km depois, já próximos a Unaí, os Auditores-Fiscais
perceberam a ausência dos faróis da viatura e reduziram a velocidade. Depois de
alguns minutos, como a viatura não aparecia, decidiram retornar na estrada e
encontraram o quadro de um trágico acidente. A viatura havia batido na
cabeceira de uma ponte.
Com as caminhonetes
eles fecharam a pista nos dois sentidos para evitar novos acidentes e foram dar
os primeiros socorros aos policiais Pimentel e Salgado. Pimentel, que era o
condutor da viatura, já havia saído do carro e estava deitado no chão. Salgado
ainda estava no interior do veículo, aparentemente preso às ferragens. O carro,
muito danificado, estava escorado em uma árvore que impedia a abertura da porta
do lado do passageiro, correndo o risco de cair na lateral da pista.
Pelo telefone celular
os Auditores-Fiscais ligaram para o Corpo de Bombeiros, para a Polícia Militar
e para a Polícia Rodoviária Federal. O Corpo de Bombeiros foi o primeiro a
chegar ao local do acidente e a ambulância levou o policial Pimentel para o
hospital em Unaí, acompanhado do Auditor-Fiscal Alfeu Hassan. Os bombeiros
fizeram o resgate do policial Salgado e a segunda ambulância também o levou
para Unaí, em companhia do Auditor-Fiscal Thiago Moraes. Antônio e Pedro
permaneceram na estrada fazendo a guarda das armas e aguardando a chegada da
Polícia Militar e da perícia.
O estado de saúde dos
policiais levou os médicos a decidir levá-los para o Hospital de Base de
Brasília, para onde foram transferidos imediatamente. Pimentel sofreu fraturas
nas costelas, na bacia e na perna esquerda. Salgado, em estado mais grave,
tinha uma hemorragia abdominal e foi submetido a uma cirurgia naquela
madrugada, e também no dia seguinte.
Felizmente, os dois
policiais já estão fora de perigo. Pimentel está em casa, vai se recuperar das
fraturas com fisioterapia. Salgado também se recupera dia a dia, com o apoio da
família no Hospital Regional de Samambaia (Distrito Federal).
Acidente de trabalho
Para o Auditor-Fiscal
do Trabalho Antônio Braga, o episódio se constitui um “trágico e típico
acidente de trabalho”. Ele constata que os Auditores-Fiscais do Trabalho vivem
uma contradição, pois aprendem nos treinamentos que acidente de trabalho “nunca
é nem será fatalidade” e que a pressão por produtividade quase sempre resulta
em jornadas exaustivas que a fiscalização tenta reprimir para evitar acidentes
e adoecimentos. No entanto, foi exatamente isso que aconteceu com os policiais
que acompanhavam os Auditores-Fiscais do Trabalho que, com metas muito altas a
serem alcançadas e, sem pessoal suficiente, precisam se desdobrar em longas
jornadas para cumpri-las. O empregador, no caso o Estado, foi negligente.
“Espero que o triste
episódio possa ajudar no reconhecimento de nossas atividades, mais
especificamente o reconhecimento de que precisamos de melhores condições de
trabalho que há tempos buscamos para a carreira da Auditoria-Fiscal do Trabalho
e, também, para a carreira da Polícia Rodoviária Federal”, comenta Antônio
Braga, acrescentando que todos os Auditores-Fiscais envolvidos na ação ficaram
muito abalados e não esquecerão as cenas chocantes tão cedo.
O Sinait prestou
solidariedade à família dos policiais acidentados por meio de telefonema da
presidente Rosângela Rassy. Ela lembra que a campanha institucional da entidade
este ano é justamente para alertar sobre o grande número de acidentes de
trabalho no Brasil e a necessidade de aumentar o quadro de Auditores-Fiscais do
Trabalho para fiscalizar as condições de segurança e saúde nos locais de
trabalho. “Mas também os Auditores-Fiscais do Trabalho precisam de melhores
condições de trabalho”, diz a presidente. “Muitos colegas estão adoecendo,
estão afastados com stress, depressão, síndrome do pânico e outras doenças, por
causa do excesso de trabalho, da pressão pelo cumprimento de metas que aumentam
enquanto o nosso contingente só diminui, a cada dia”.
Rosângela constata que apesar das nomeações do
último concurso público, aproveitado ao máximo, o número de Auditores-Fiscais,
hoje, não passa de três mil, por causa das aposentadorias e da migração de
colegas para outras carreiras. “Não saímos do lugar, continuamos da mesma
forma, e corremos o risco de minguar ainda mais, pois existem cerca de 600
Auditores-Fiscais do Trabalho já recebendo o Abono de Permanência, em condições
de se aposentar a qualquer momento”, alerta a presidente.
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